" Há algumas flores do amor que abrem só depois de longa intimidade." Osho

Beijo da Escrita


Eu escrevo como quem beija.
Um beijo longo, demorado, carinhoso.
Um beijo desses de língua.
A língua se movimenta lentamente
e me permite um gosto
ao mesmo tempo do outro
e de mim mesma.

Do outro que me encontra
neste texto
e do que há em mim que permite o encontro.


Eu escrevo como quem vive.
Assim, simples,
fazendo um texto de vida,
na vida.
Às vezes, penso,
afinal, que texto é esse que eu produzo?
Que vida é essa agenciada
pelo sabor das palavras compartilhadas,
sussurradas, como um afago?


Quem é esse outro que me encontra
e quem sou esse eu mesma que se expressa,
que se entrega...
nesse delicioso beijo de língua?
Nesse movimento que, afinal,
eu mesma provoco?
O gosto vem do meu movimento mesmo
associado ao movimento do outro.


Quando escrevo, eu me inscrevo.
Fica também o meu gosto
no gosto da língua do outro.
E isso me remete a não querer parar de escrever.Nunca.





quarta-feira, 21 de abril de 2010

Essas tardes assim....

Hoje o dia iniciou normal. Relogio despertou, 06:15. Banho. Roupa. Café. Escova de dentes. Perfume. Cabelo. Enfim, pedi um taxi. Expliquei da necessidade de informar ao motorista que precisava de troco para vinte reais. Afinal, a corrida dá em torno de R$5,50. Pasmem: o taxi foi pedido 06:50, chegou 07:20. Graças a Deus chegou. Motorista muito educado. Expliquei onde ir. Entretanto, fez o pior caminho. Pra mim. Para ele, levou mais R$4,00. Entendi naquele momento que ali cada um estava olhando a partir do seu umbigo. Eu, querendo chegar logo. Ele, querendo uma corrida mais vantajosa. Poderia ter discutido, criado uma situação.Até porque expliquei por onde ir, E, ele se aproveitou (se isso é possivel) de minha distração com bolsa, celular, material. Fez o caminho que achou mais conveniente. Tudo isso passou em minha mente. Respirei fundo e resolvi assumir a responsabilidade da situação e não permitir que ela ditasse o meu dia, decidi aceitar que era o melhor que podia ter acontecido. Paguei o taxi e contribui com um real para o cafezinho do taxista, pois foi meu jeito de dizer a vida que estava legal. Olhei pro céu, percebi as nuvens o friozinho de outono. De-li-ci-o-so. Preferi essa sensação àquela do taxi. Segui a manhã. Que em um piscar de olhos passou a minha frente. Sem dar chance, de pensar muito. A rotina de um colégio não tem nada de rotina. É "na veia" como dizem meus "anjinhos" (alunos).



Sai do colégio por volta das 12:30, o olhar elevou-se ao céu que entre as nuvens de chuva mostrava um sol timido, mas intenso. Outras atividades aguardavam-me. Um café-almoço. Pessoas adoráveis. Dicas para o blog. Enfim, um bate-papo gostoso daqueles que você quer passar a tarde inteira, mas ... . Conformei-me pois se corria o risco de tomar-um-chá-de-banco, como dizia vovó, á tarde toda, pelo menos estaria acompanhada de alguém com quem tenho afinidades e o papo rola legal.



Perfeito. Ficamos duas horas e meia esperando para nos atenderem. Hehehe. Conversamos. Do trivial ao profundo. E percebi a impaciência das pessoas que esperavam como nós. Os chiliques de alguns por esperar. E me via ali. Calma. Conversando com alguém que admiro, confio, tendo de quebra o céu de Porto Alegre, visto do décimo andar, o vento de outono. De novo, percebi-me optando por ficar com aquela sensação de bem-estar, tendo consciência do mal estar a minha volta. Como disse mais acima, o tempo passou sem sofrimentos. Possibilitou-me um aprofundamento na relação de amizade, um compartilhar de coisas que considero tão significativas entre as pessoas. Quando fomos atendidos, constatamos a objetividade necessária daqueles que estão à frente de funções de comando. Além disso, o quanto somos uma pequena célula frente ao sistema todo. Saindo de lá, fomos ao tradicional lanchinho. E, mais bate-papo.



Ao retornar pra casa, solitária num banco da lotação, olhava pela janela o movimento, as pessoas e novamente o céu. O céu de final de tarde de outono. Lindo! O burburinho dos carros, o cansaço estampado nos rostos das pessoas - e provavelmente no meu - mas o céu continuava ali. Lindo. Encantador. Algumas músicas passaram pela mente. Cheguei a murmurar alguns sons. Encostei-me melhor no banco e fiquei admirando o céu, ouvindo as buzinas, as pessoas. Permite-me apenas sentir.



E, fui invadida por uma letra de música que ouvi tempos atrás do grupo Anjos de Resgate "Invade minha Alma, me ama e me acalma, me cura e me salva, tua intimidade quero conhecer, ... teu corpo, teu sangue me levam pro céu". Percebi aquecer minha Alma. Senti as asas do anjo maroto a envolver-me. Meus pensamentos viajaram no tempo, estacionaram em cenas gravadas com fogo nas paredes da memória, e percebi que o Amor apenas e tão somente É. (e ponto). Você não tem como dizê-lo, descrevê-lo .. enfim. Você Sente! Ele é a combustão, O transformador! Nenhum ser por ele visitado é o mesmo. Ele tem a capacidade de fazer a vida ter realmente cor. Ele toca tudo através de nós e torna tudo sagrado. Invadiu-me uma sensação de céu, de extase tão profundo que as-fichas-caíram e eu reles mortal curvei-me ao imponderável. O AMOR está em nós esperando que a gente dê a chance para que ele nos mostre o quanto absolutamente TUDO nesta vida é obra de sua ação. ABSOLUTAMENTE TUDO!!!



Minha absoluta reverência a esse SER chamado AMOR!! Hoje entendo mais um pouquinho do que São Francisco de Assis quis dizer quando falou aos seus companheiros " Eu AMO o AMOR". Neste dia que tinha tudo pra ser mais um cansativo dia, compreendi mais uma faceta da dádiva de AMAR. EU AMO O AMOR, SIIIIIMMMM! Sou sua eterna aprendiz! E digo SIMMMMM sempre a ele! E peço a Deus que sempre, sempre, sempre me ajude a estar aberta aos aprendizados. Minha gratidão....

Um comentário:

  1. Ô, lindeza de narrativa...! Emocionante, inclusive. Hummm... Amar o amor. Tão lógico e tão... Tão... Tão irracional! E assim somos, não é?! Efeitos de somas imcompreensíveis para a razão, mas perfeitamente "encaixáveis" para o Grande Espírito que nos toca e preenche.

    Enquanto você pede ao Divino que te ajude a estar aberta aos aprendizados, peço a Ele que avive cada vez mais esta inpiração renovdora que aqui expõe.

    Margarida: cada vez mais a Flor mais sagrada do meu jardim!

    Ave!!! \o/

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